Jesus
de Nazaré, a Boa Notícia para o século 21 (30)
O
Nazareno a caminho para Jerusalém
A
Nova Bíblia Pastoral (SP, Paulus, 2014), seguindo os exegetas
modernos, divide o Evangelho de Mateus em duas partes. A primeira (Mc
1,12-8,26) responde à pergunta: Quem é Jesus? A segunda parte (Mc
8,27-16,20) responde à pergunta: Como seguir Jesus? O que nós vamos
fazer daqui em diante é, analisar os textos da segunda parte, de
jeito que fizemos com os textos da primeira. Sempre compararemos os
textos de Marcos com os textos paralelos encontrados nos outros dois
sinóticos; e onde for possível nós também examinaremos textos do
Evangelho de João para completar o que os sinóticos nos apresentam
para indicar que Jesus de Nazaré é a Boa Notícia para o século
21.
Nós
vamos subdividir a segunda parte em três para facilitar uma
compreensão melhor: 1) Jesus a caminho para Jerusalém (8,27-10,52);
2) atividades de Jesus em Jerusalém (11,1-13,37); 3) o fim trágico
do Nazareno (14,-16,20).
Antes
de iniciar a análise detalhada dos textos dessas três subdivisões
propomos fazer algumas observações que vão proporcionar ao leitor
uma visão global do conteúdo de cada uma delas. Na primeira, isto
é, no caminho que Jesus faz para chegar Jerusalém (8,26-10,52), há
um triplo anúncio da paixão; o autor registra nitidamente a reação
dos discípulos, que é marcada por crescente falta de entendimento
do “caminho” que o rabino Jesus propõe seguir.
Na
segunda (11,1-13,37), Jesus que entra na cidade aclamado pelo povo, é
severamente contestado quanto a sua concepção e interpretação das
leis e dos costumes tradicionais pelos representantes das autoridades
constituídas. A tensão em face da crescente hostilidade dessas
contra o rabino de Nazaré é bem palpável.
A
terceira parte (14,1-16,20) apresenta os detalhes da execução da
decisão para matar Jesus, tomada pelas elites tradicionais que
encontramos já no início do Evangelho (cf. Mc 3,6). Houve
colaboração traidora de dentro do grupo de Jesus; houve manipulação
dos processos de justiça, abuso de poder e diversas outras práticas
nefastas, em voga até em nossos dias, para conseguir eliminar “na
forma da lei” aquele rabino que vinha de periferia (Galileia) e
incomodava os esquemas da “casa grande”. Essa que, com a
cumplicidade do império romano assegurava a posição privilegiada,
elaborou uma plano para destruir Jesus, um plano muito parecido com o
que está sendo executado no Brasil para destruir a democracia
brasileira através dos ritos propriamente democráticos!
No
entanto, o último capítulo (Mc 16) nos diz que apesar do sucesso
dos poderosos em eliminar fisicamente Jesus de Nazaré, o que ele
representava para humanidade continua vivo e bem ainda hoje!
Com
essas breves observações de introdução nós vamos começar
analisar os textos desta segunda parte do Evangelho de Marcos.