sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Canonização do Oscar Romero, mártir pelo Reino de Deus

Canonização do Oscar Romero, mártir pelo Reino de Deus. (2)
II. Dados biográficos do dom Oscar Romero

11. Apresentamos uma breve descrição biográfica do Oscar Romero depois de falarmos da situação social, econômica e política do El Salvador para melhor apreciar o desafio pastoral que ele enfrentou ao assumir como Arcebispo de San Salvador em 1977.

12. Oscar Romero nasceu na Ciudad Barrios, San Miguel aos 15 de agosto de 1917, e entrou no seminário em 1931. Teve de interromper os estudos para ajudar sua família, mas em pouco tempo retomou os estudos e foi enviado para Roma, onde em 1942 terminou os estudos e recebeu a ordenação presbiteral. Na volta para El Salvador, passou os próximos 24 anos desenvolvendo um trabalho pastoral em Anamorós e San Miguel, e em 1966 foi eleito secretário da Conferência Episcopal Salvadorenha.

13. Dom Romero foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador em 1970, onde permaneceu durante quatro anos. Ele não conseguiu se identificar com a atualização da linha pastoral de acordo com as propostas do Vat 2 e a Conferência de Medellín, que o arcebispo Luis Chávez y González efetuava, o que deixou transparecer sua tendência conservadora. A sua transferência como bispo da Diocese de Santiago de Maria aconteceu em 1974.

14. O governo salvadorenho e os esquadrões da morte da direita reprimiam todas as organizações dos camponeses na sua luta contra guerrilheiros bolchevistas. Em 1975, quando a “Guardia Nacional” assassinou cinco camponeses, dom Romero celebrou a missa do corpo presente; evitou denunciar o crime publicamente, mas escreveu uma carta dura ao presidente do país.

15. Para a surpresa da ala progressista da igreja de San Salvador, Romero foi nomeado Arcebispo de El Salvador em 1977. Entretanto, sua “conversão” não demorou muito. No dia 12 do março, o padre Rutílio Grande, um jesuíta comprometido com o povo no espírito evangélico, foi assassinado, e o arcebispo se posicionou publicamente no lado dos indefesos que estavam sendo massacrados.
16. Durante os próximos dois anos, ele se destacou pelo seu favorecimento da defesa da vida em uma situação muito complicada, na qual paixões ideológicas sacrificavam vidas humanas em um fratricídio sem sentido, como se essas não valessem nada. Em outubro de 1979 houve um golpe militar, e uma junta que incluía também civis tomou o poder. Os EUA, que promoveram o golpe, forneceram armas e treinamento aos salvadorenhos para assegurar que não se repetiria uma Nicarágua, onde os revolucionários tinham tomado o poder, em El Salvador.

17. Na carnificina que se seguiu, muitos, inclusive presbíteros e inúmeros agentes de pastoral, foram mortos. A guerrilha respondeu com execuções sumárias e destruição das estruturas do país. O arcebispo Romero pediu aos EUA a não mais fornecer armas para este conflito fratricida, e apelou às forças armadas salvadorenhas para não matarem seus próprios irmãos. Logo, no dia 24 de março, dom Oscar Romero foi baleado quando presidia a celebração eucarística, e faleceu logo.

18. No seu funeral, uma multidão estimada em 250.000 pessoas se reuniu. Houve protestos, e naquela ocasião mais 42 pessoas morreram. Dias depois, o mandante do crime, o major do Exército e fundador de um esquadrão da morte da direita, Roberto D’Aubuisson, foi preso com matérias incriminantes em sua posse, mas logo foi solto sem que ninguém fosse denunciado ou julgado pelo crime de assassinato do dom Romero até hoje. A guerra civil que se deslanchou em seguida durou 12 anos, a custo de mais 75 mil vidas salvadorenhas!

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